
Quando tinha apenas 16 anos, Lucas criou um jogo que chegou a bater mais de 30 mil jogadores online ao mesmo tempo.
Hoje, aos 18, Lucas Rodrigues da Silva é um garoto de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba - RMC, que representa o Paraná na #50 – Arte Digital 3D para Jogos.
Quando o jogo é sério, vira profissão
Criar jogos pode parecer, à primeira vista, uma brincadeira. Mas para Lucas, foi o começo para algo muito maior: uma carreira. “Desde pequeno eu sou desenvolvedor de jogos autônomo pro Roblox”, conta ele, com a naturalidade de quem já sabe o que quer.
Seu projeto mais conhecido é o Cursed Arena, lançado aos 16 anos.
O título se popularizou dentro da plataforma do Roblox e, com a monetização, já comprou até um carro zero. “Hoje esse é meu ganha-pão, é minha renda”, afirma orgulhoso.
Do Roblox para a arena da WorldSkills
Lucas chegou à WorldSkills Brasil representando o Paraná com um portfólio real e uma bagagem precoce no mercado de jogos. Aluno do curso técnico de Desenvolvimento de Sistemas na unidade do Senai Dr. Celso Charuri, no centro de Curitiba, ele chamou a atenção dos professores logo no início do curso.
“Meu professor sabia que eu era bom em programação e me indicou para uma modalidade. Mas eu disse que minha praia era jogo. Ele respondeu: então vai pra jogos”, relembra.
Assim, Luquinha, como é chamado pelos amigos, entrou na ocupação #50 – Arte Digital 3D para Jogos. Passou pelas etapas do processo seletivo, venceu a estadual e se tornou o representante do Paraná na competição nacional.
Oito profissões em uma
A ocupação que Lucas representa exige muito mais do que apenas saber programar.
Talvez ela tenha sido uma das mais complexas da competição justamente por combina, na prática, em uma única pessoa, oito especializações distintas dentro da indústria de games: Concept Artist (ou artista conceitual); Modelador; Escultor Digital; Rigger (configuração de esqueletos de personagens); Texturizador; Animador; Programador; e Level Designer (projetar os ambientes, desafios e experiências em um jogo digital).

Uma prova épica
A avaliação da ocupação foi dividida em sete módulos, todos inspirados no universo do The Legend of Zelda, um famoso jogo da Nintendo. Desde a criação de concept arts até a modelagem, texturização e implementação dos assets no ambiente de jogo.
“A prova foi extremamente difícil e cansativa. Exigia muito foco, criatividade e rapidez. Mas valeu cada segundo. Tive que fazer desde o desenho até a modelagem, escultura, texturização e, no fim, colocar tudo dentro do jogo. Foi exaustivo, mas incrível.”
Além da exigência técnica, o tempo foi um desafio à parte. A WorldSkills simula pressões reais do mercado e, muitas vezes, até mais intensas.
“A gente recebe tarefas que, no mercado, teríamos uma semana para serem feitas. Aqui, você tem que executar em dois dias. Isso te prepara muito mais rápido.”
De São José dos Pinhais para o mercado
Lucas tem apenas 18 anos, mas fala como alguém que já viveu muito. Talvez porque, de fato, já tenha vivido bastante coisa. Ele já trabalha como desenvolvedor independente, tem renda própria e usa suas experiências para inspirar outros jovens.
“O mercado de games no Brasil parece impossível porque é pequeno e tem pouca referência. Mas não é. Não desista. Vá atrás.”
Expectativa para a medalha? Somente gratidão.
Na véspera do resultado da WorldSkills Brasil, Lucas não foca em pódios, mas sim no que construiu até aqui.
“Eu só tenho a agradecer. Eu não consigo pensar tanto no resultado, mas eu fico muito grato, de verdade, por todas as experiências que eu tive, porque eu não teria essa oportunidade em nenhum outro lugar.”
Da sala de aula para a plataforma do Roblox. Da tela do computador para a arena da maior competição técnica do mundo. Da garagem de casa para um carro zero comprado com o próprio trabalho.
Em São José dos Pinhais, Lucas é o Luquinhas — “da galera, do povão”, como ele mesmo diz. Mas nas arenas da WorldSkills, é um dos talentos mais promissores da nova geração de criadores de jogos do Brasil.
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