Painel do Habitat Mobilidade no Data Science Summit 2025 destaca o papel da IA e dos dados na mobilidade

O painel do Habitat Mobilidade, realizado na manhã desta quinta-feira (30) durante o Data Science Summit 2025, no Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), trouxe ao centro do debate os caminhos para a mobilidade inteligente, sustentável e conectada no Brasil. Os debates foram coordenados por Paulo Broniera Junior, do Instituto Senai de Tecnologia da Informação e Comunicação (IST TIC), e contaram com a participação de Rafael Staiger Bressan (IST TIC), Zeno Luiz Iensen Nadal (Superintendência Geral de Gestão Energética da Secretaria de Planejamento do Paraná – SEPL-PR) e Valério Mendes Marochi (Instituto Senai de Inovação em Eletroquímica – ISI-EQ).
IA e visão computacional a serviço da segurança viária
O painel começou com Rafael Staiger Bressan, que ressaltou os desafios da implementação de inteligência artificial e visão computacional no transporte urbano brasileiro. “Apesar do volume crescente de dados gerados por câmeras, sensores e sistemas de transporte, ainda enfrentamos problemas como captura imprecisa, falta de padronização e ausência de atualização em tempo real, comprometendo a eficácia dos modelos de IA”, explicou Bressan.
Ele destacou que o IST TIC desenvolve soluções avançadas de otimização de rotas, inspeção automatizada e gestão inteligente de frotas, capazes de reduzir a influência do erro humano e permitir um planejamento logístico mais eficiente. “A transformação digital depende de parcerias entre institutos de tecnologia, universidades e setor produtivo. O Senai atua como elo técnico, conectando desafios reais da indústria a soluções baseadas em ciência e tecnologia”, acrescentou.
Bressan apontou quatro tendências centrais para o futuro da mobilidade: conectividade veicular, mobilidade elétrica, inteligência artificial e integração de serviços, com destaque para o conceito de Mobilidade como Serviço, que integra diferentes modais em plataformas digitais unificadas.
Mobilidade sustentável: infraestrutura, políticas públicas e geração de empregos
Em seguida, Zeno Luiz Iensen Nadal abordou a transição para a mobilidade sustentável, discutindo desafios e oportunidades do setor. “O Brasil precisa alinhar políticas de infraestrutura e energia limpa para acelerar a mobilidade sustentável. Programas como o Mover, além de editais de pesquisa, ajudam a impulsionar essa transição de forma estruturada”, afirmou Nadal.
Ele destacou a rede de distribuição de energia como um dos maiores desafios para a expansão da mobilidade elétrica. “A transmissão de energia não é o maior problema; o desafio está na distribuição, que precisa evoluir para acompanhar o ritmo da eletrificação”, explicou.
O especialista ressaltou ainda o impacto da mobilidade elétrica na geração de empregos qualificados: “Há uma demanda crescente por profissionais que atuem na instalação e manutenção de carregadores, conectores e sistemas de rede. É um mercado em franca expansão, com grande potencial de desenvolvimento econômico e social”.
Interoperabilidade e dados: a espinha dorsal da recarga veicular
Encerrando o painel, Valério Mendes Marochi falou sobre interoperabilidade de recarga veicular, destacando a importância de dados integrados entre rede elétrica, carregadores e veículos elétricos. “O objetivo é que o processo de recarga seja tão simples quanto abastecer um carro a combustão, exigindo integração entre diferentes protocolos e tecnologias”, disse.
Segundo Marochi, os dados são essenciais para garantir eficiência, segurança e confiabilidade do sistema. “A interoperabilidade depende do uso inteligente de dados — coleta, gestão e monitoramento em tempo real — sempre em conformidade com a LGPD. A ciência de dados permite desenvolver modelos preditivos baseados em IA e machine learning, que otimizam redes elétricas e antecipam demandas de recarga”, explicou.
O especialista apresentou ainda o projeto estruturante liderado pelo ISI Eletroquímica, que reúne 29 empresas parceiras e um investimento médio de R$ 28 milhões para criar a primeira plataforma de testes de interoperabilidade de carregadores veiculares do Brasil, em Curitiba. Com duração de 36 meses, a iniciativa pretende gerar informações técnicas para subsidiar políticas públicas e soluções industriais, acelerando a mobilidade elétrica no país.
O painel do Habitat Mobilidade reforçou o papel do Senai como protagonista na inovação industrial, conectando pesquisa aplicada, desenvolvimento tecnológico e capacitação profissional. Por meio de seus Institutos de Tecnologia e Inovação, a instituição contribui para que a mobilidade no Brasil seja mais segura, eficiente e sustentável, integrando ciência, indústria e sociedade.