O escaneamento 3D como facilitador BIM para uso em gestão de ativos

Insights27/07/2021
Papel do BIM vem crescendo como plataforma de gestão do ciclo de vida das edificações
Imagem sobre O escaneamento 3D como facilitador BIM para uso em gestão de ativos

Apesar da construção civil brasileira ainda demostrar uma defasagem se comparada a países desenvolvidos, com os passar dos anos o mercado vem evoluindo e se adequando às novas tendências e, hoje, o BIM (Building Information Modeling ou Modelagem da Informação da Construção) já não é mais algo tratado como futuro, e sim como presente nas discussões e ações de muitas empresas do país.

BIM pode ser abordado com “uma tecnologia de modelagem e um conjunto associado de processos para produzir, comunicar e analisar modelos de construção, (...) oferecendo suporte para reavaliação do uso da tecnologia da informação na criação e no gerenciamento do ciclo de vida da edificação” (SACKS, EASTMAN, LEE, TEIHOLZ, Manual de BIM, 2021). 

Além dos ganhos mais comuns, da etapa de concepção e criação dos projetos como compatibilização, estimativa de custo e planejamento, o papel do BIM vem crescendo como plataforma de gestão do ciclo de vida das edificações, através da integração dos modelos BIM com dados de manutenção e operação em sistemas de Gestão de Ativos. A tecnologia hoje disponível permite, entre outras coisas, que sejam realizadas construções virtuais de sistemas e que estes recebam informações das mais variadas disciplinas, possibilitando a centralização de dados e sua alimentação constante, durante todo o ciclo de vida do ativo. Tais construções virtuais são chamadas, entre outros termos, de gêmeos digitais.

Alcançar o uso qualificado de gêmeos digitais passa, obrigatoriamente, pela criação de modelos digitais de qualidade. Por mais que o fluxo BIM ideal almeje que as informações de Gestão dos Ativos comecem a ser inseridas desde o início da concepção dos empreendimentos, é possível gerir os ativos de uma edificação já em uso. Para tanto, é necessário realizar a modelagem AsBuilt da edificação. A indústria da construção civil tem evoluído substancialmente nesse sentido, lançando mão da modelagem BIM integrada a outras ferramentas, como por exemplo, o uso de Nuvem de Pontos.

O uso das tecnologias de mapeamento 3D acelera o processo de levamento se comparado com o método tradicional, assim como melhora a precisão dos modelos As Built gerados. Uma nuvem de pontos é um conjunto de pontos em um mesmo sistema de coordenadas tridimensionais que representam superfícies externas dos objetos. Elas são criadas pela união de registros locais realizados por laser scanners 3D, drones ou câmeras com fotogrametria. Independentemente do método utilizado, após o registro é necessário o uso de um software para o processamento dos dados e finalização da nuvem de pontos.

A maior parte das soluções também tira fotos durante o levantamento, criando um tour virtual 360° da edificação. Esse material, juntamente com a nuvem de pontos, é muito útil durante o processo de modelagem para realização do inventário e inspeção dos ativos de uma edificação.

Apesar de existirem ferramentas que auxiliam a modelagem a partir de uma nuvem de pontos, o processo ainda é bastante manual. Desta forma, depois de vinculada a um software autoral de modelagem, como Revit ou ArchiCAD, a Nuvem de Pontos servirá apenas como base de referência para o fluxo de trabalho normal de qualquer outra modelagem. Como estamos falando de uma nuvem 3D, é possível realizar cortes e seções que possibilitam alcançar precisão no modelo.

O Gêmeo Digital deriva do modelo AsBuilt, que precisa ser programado com informações coerentes de manutenção e operação, e esse por sua vez, deve ser vinculado a um sistema específico de Gestão de Ativos, que será o responsável por controlar e gerenciar os dados relacionados às operações prediais.

As informações vinculadas podem seguir formatos padronizados, como o COBie (Constructions Operations Building Information Exchange), porém o mais importante é identificar quais são os propósitos e processos da gestão dos ativos e quais informações precisam ser retroalimentadas no modelo. Com a integração dos dados e gerenciamento eficiente das informações, um Gêmeo Digital possibilita maior assertividade e agilidade nas tomadas de decisões de gestão e projeto, gerando melhor comunicação e maior competividade no mercado.

Em uma organização sem ou com pouca experiência em BIM, a falta de familiaridade pode trazer riscos durante as fases de implementação. Com um planejamento detalhado, a organização será capaz de obter mais clareza sobre o processo, reduzindo riscos e aumentando o valor agregado. E a equipe BIM do IST de Construção Civil, hoje tem cases de sucesso tanto na prestação de serviços BIM como levamentos de nuvem de pontos, modelagem e compatibilização, quanto no papel de consultoria para implantação de processos BIM, em empresas públicas e privadas, nas fases de projeto e gestão de ativos.

 

* Artigo escrito por Julia Fernanda Maia, especialista em BIM do Instituto Senai de Tecnologia em Construção Civil