Indústria inova e desenvolve papel com fibras obtidas a partir do esterco bovino

CASES12/02/2020 - Atualizado em 19/05/2020
Projeto foi realizado em conjunto com Instituto Senai de Tecnologia em Celulose e Papel de Telêmaco Borba
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Com o intuito de disseminar boas práticas em benefício ao meio ambiente, muitas organizações têm investido em ações inovadoras. A exemplo disso, a empresa BBA, do ramo de construção civil, com apoio do Instituto Senai de Tecnologia em Celulose e Papel de Telêmaco Borba, desenvolveu uma pasta química para fabricação de papel a partir do estrume bovino. “Com o crescimento das propriedades de leite na cidade de Castro, sentimos a necessidade de dar um destino correto ao esterco bovino. Após alguns testes, percebemos que poderíamos extrair uma significativa quantidade de fibra deste esterco e decidimos procurar o Senai para viabilizar a transformação desta fibra em celulose”, explica o proprietário da BBA, Alexandre Guedes. Segundo ele, a companhia é a primeira empresa do mundo a produzir celulose em escala industrial para produção de papel utilizando os dejetos bovinos.

O projeto já está em fase de estudo para implantação. O material fabricado deverá ser usado em vários tipos de embalagens - como papel de proteção de sapatos e peças, preenchimento de papel cartão, bem como para a confecção de papel higiênico, folhas de jornal, cadernos, entre outros. “Assim que soube do projeto nossa equipe técnica encarou o desafio”, conta Geraldo de Aguiar Coelho, pesquisador do IST de Celulose e Papel do Sistema Fiep. “O desafio foi tornar o produto viável levando em consideração extração, purificação, viabilidade técnica e tecnologia.” 

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Como o processo funciona

No primeiro momento, o esterco é lavado para a remoção de materiais e microrganismos. Após passar por uma fase de tratamento químico, as fibras celulósicas são extraídas e o material já pode ser utilizado para a fabricação do papel. 

Benefícios ambientais

Segundo o pesquisador do IST, o projeto ajuda a reduzir impactos causados pelo excesso de dejetos bovinos que acabam saturando o solo. Estima-se que cada animal da indústria leiteira produza cerca de 45 quilos de esterco por dia. “O projeto beneficia o meio ambiente, evitando a poluição do solo e diminuindo a emissão de CO2 pela decomposição deste material, e contribui com a indústria leiteira, já que a remoção dos dejetos demanda muitos esforços”, afirma Geraldo. 

IST

O IST em Celulose e Papel faz parte de uma rede de sete institutos de tecnologia do Senai presentes no Paraná e oferta ensaios laboratoriais e relatórios técnicos para o setor de celulose e papel; pesquisa aplicada e projetos de inovação; desenvolvimento de novas aplicações para resíduos lignocelulósicos e aproveitamento de resíduos.

O Sistema Fiep tem ainda dois Institutos Senai de Inovação (ISI), sendo um em Eletroquímica e outro em Engenharia de Estruturas, um HUB de Inteligência Artificial, Aceleradoras de startups e um Centro de Mobilidade Sustentável e Inteligente para apoiar as indústrias paranaenses a serem cada vez mais competitivas e produtivas por meio da inovação.

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