Por Giuliane Alfonso Lomas de Aguiar

A qualidade da água destinada ao consumo humano é um aspecto fundamental para a saúde pública. Entre os diversos parâmetros que precisam ser monitorados, a análise de ânions presentes na água é essencial para garantir sua potabilidade e segurança. Ânions como fluoreto, cloreto, nitrato, sulfato, sulfeto, bromato, clorato e clorito podem estar presentes em diferentes concentrações e seu controle é necessário para evitar riscos à saúde e garantir o atendimento às normas vigentes.

No Brasil, a Portaria MS 888, publicada pelo Ministério da Saúde vigente desde 2021, estabelece os procedimentos e os padrões de qualidade para o controle e vigilância da água para consumo humano. Essa portaria determina valores máximos permitidos para os diversos constituintes da água, incluindo os ânions, ressaltando a necessidade de monitoramento contínuo para garantir a conformidade e proteção da população.

Ânions como fluoreto, cloreto, nitrato e sulfato derivam da dissolução de sais e minerais naturais presentes na água e sua fonte e são parte normal da sua composição. Outros como, bromato, clorato e clorito são subprodutos da desinfecção da água, principalmente após o uso de cloro ou compostos à base de cloro para o seu tratamento.

Esses compostos são indesejáveis e tóxicos em concentrações elevadas (limite permitido que varia de acordo com o composto específico), podendo causar efeitos e consequências gerais como:

• saúde - dependendo do ânion, pode causar toxicidade, intoxicação, problemas no sangue, tireoide, sistema digestivo etc.;

• sabor e odor - alguns ânions em excesso alteram o sabor da água.

• corrosão em tubulações e equipamentos;

• nitratos e fosfatos em excesso podem causar desequilíbrio ecológico.

No Instituto Senai de Tecnologia Meio Ambiente e Química (IST MAQ) alocado no Senai CIC em Curitiba-PR, realizamos essa análise seguindo todos os critérios e controles de garantia da qualidade conforme os requisitos da ABNT NBR ISO/IEC 17025:2017 (CRL 0475 – escopo disponível em http://www.inmetro.gov.br/laboratorios/rble/docs/crl0475.pdf ) que orienta sobre a competência de laboratórios de ensaio e calibração. Para realizar essa análise com precisão, diversos métodos laboratoriais podem ser utilizados, dentre os quais, o método EPA 300, desenvolvido pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA). Este método é amplamente reconhecido e utilizado por sua eficiência na determinação quantitativa de ânions em água através da técnica instrumental de cromatografia iônica. A aplicação do método EPA 300 permite identificar e quantificar com exatidão a concentração dos ânions, fornecendo dados confiáveis para o controle da qualidade da água.

Assim, a análise de ânions, respaldada por normas como a Portaria MS 888 e utilizando métodos robustos como o EPA 300, é fundamental para assegurar que a água consumida pela população esteja dentro dos padrões de segurança, prevenindo doenças e promovendo a saúde pública. O monitoramento rigoroso desses parâmetros contribui para o desenvolvimento sustentável dos recursos hídricos e para a melhoria contínua dos serviços de abastecimento de água.