Um nome que ressoa até hoje nas pesquisas de microbiologia do solo

Insights09/02/2024 - Atualizado em 12/02/2024
Em celebração ao Mês das Mulheres e Meninas na Ciência, conheça a história de Johanna Döbereiner, uma cientista que ajudou o Brasil a se tornar um dos maiores produtores do agro
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No dia 11 de fevereiro celebramos o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. A data, implementada em 2016 pela Unesco e pela Organização das Nações Unidas, tem como intuito aumentar a participação das mulheres na ciência e, também, conscientizar e honrar as cientistas que marcaram a história.

Afinal, a representatividade feminina na área ainda é bem inferior quando comparada à realidade em que vivemos. Um estudo realizado pela Unesco aponta que as mulheres representam apenas 28% dos pesquisadores do mundo e a diferença é ainda maior quando está relacionada à função de gestão. 

Embora haja uma desproporção significativa da presença de mulheres na ciência, há muitas pesquisadoras que colaboraram para o seu desenvolvimento. Pensando nisso, hoje fazemos uma homenagem à Johanna Döbereiner, cientista que ajudou o Brasil a se tornar um dos maiores produtores do agro.

 

Johanna Döbereiner e sua dedicação à ciência 

Nascida em 1924 na antiga Tchecoslováquia, Johanna Döbereiner, veio para o Brasil em 1950 devido à instabilidade e perdas causadas pela Segunda Guerra Mundial na Europa. Ao chegar no país, após ter se formado em agronomia na Escola Superior Técnica de Munique, fez contatos com o objetivo de trabalhar em pesquisa e, em um pequeno espaço de tempo, de seis meses, já estava trabalhando no Instituto de Ecologia e Experimentação Agrícola (IEEA), mesmo local que hoje integra a Embrapa Agrobiologia, localizada em Seropédica, interior do Rio de Janeiro.

 

Bactérias a serviço da agricultura

Numa época em que o tema sustentabilidade era pouco conhecido, a cientista já trabalhava com foco nesta temática. A exemplo disso está a demonstração feita pela pesquisadora, de que é possível eliminar o uso de adubos químicos poluentes em plantações de soja, aproveitando somente o que já existe na natureza.

Neste caso em específico, das bactérias Fixadoras de Nitrogênio, que são capazes de capturar o nitrogênio do ar, um adubo natural para as plantas. Esses seres vivos, que vivem no solo, nas folhas e nos caules foram descobertos em 1901, por Martinus Beijerinck.

No entanto, foi a partir de 1950 e de seus estudos, que a cientista mostrou como usar bactérias a serviço da agricultura.  A técnica descoberta pela cientista consiste basicamente em introduzir as bactérias nas sementes de soja. Assim, quando começarem a germinar, produzem nódulos nas raízes das plantas que servem como usinas para a extração de nitrogênio do ar. Com isso, a crença de que os fertilizantes químicos eram insubstituíveis foi totalmente derrubada, resultando na redução de custos com produção e na transformação da soja num dos principais produtos exportados no Brasil. Segundo a Embrapa, estima-se que a fixação biológica de nitrogênio no plantio de soja gere uma economia de US$ 2 bilhões por ano com adubos químicos. Além disso, esta descoberta permitiu que mais pessoas tivessem acesso a alimentos baratos, rendendo a cientista uma indicação para o Nobel de Química em 1997.

Fica aqui, nossa homenagem a essa mulher incrível que dedicou toda a sua vida à ciência, liderando estudos de microbiologia do solo na Embrapa, até o final de sua vida, em 2000.