Sensores vestíveis e o monitoramento em tempo real

Insights15/03/2023 - Atualizado em 20/03/2023
Dispositivos dessa natureza podem melhorar a qualidade de vida das pessoas
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O monitoramento em tempo real é uma realidade cada vez mais próxima da vida de grande parte da população, sendo feita por meio do uso de câmeras de segurança, drones, smartwatches e inúmeros outros dispositivos conectados a uma rede de dados. Juntamente com a acessibilidade, a ergonomia oferecida pelos avanços da eletrônica miniaturizada, o aumento da urbanização e a melhoria do estilo de vida da população, observa-se que o interesse da população na aplicação desse conceito de monitoramento em tempo real tem aumentado exponencialmente, principalmente nas áreas de saúde e segurança.

Um exemplo do aumento desse interesse é a avaliação do mercado global de smartwatches: um volume de 68,59 milhões de unidades em 2020, em que se espera que atinja 230,30 milhões de unidades até 2026, segundo a Mordor Intelligence. Sensores dessa natureza, que podem ser posicionados próximos à pele por incorporação em roupas, calçados, acessórios ou até mesmo tatuagens são chamados de sensores vestíveis.

A origem desses dispositivos é de aproximadamente 800 anos atrás, com a invenção dos óculos e dos relógios de pulso, sendo esses os primeiros dispositivos considerados como vestíveis. Com o estabelecimento da tecnologia computacional, o primeiro sensor desse modelo foi comercializado na década de 1960, com a invenção do monitor Holter para o monitoramento cardíaco, utilizado em testes de eletrocardiograma.

A evolução dos sensores vestíveis possui grande influência das tecnologias de telecomunicações, ciência dos materiais, biotecnologia, eletrônica, em que com o avanço dessas áreas, métodos de fabricação mais sofisticados e com custo reduzido têm sido utilizados, permitindo o desenvolvimento de sensores vestíveis mais modernos e de tamanhos compatíveis com dispositivos pessoais, como os smartwatches e telefones celulares.

A portabilidade de sensores dessa natureza é extremamente relevante, principalmente na área da saúde, em que pacientes com doenças crônicas como a diabetes, podem ter acesso a um sensor vestível, como o comercializado pela empresa Abbot, cujo dispositivo pode ser acoplado a pele do paciente. Ao utilizá-lo, é possível monitorar em tempo real os seus níveis de glicose no sangue. Essas informações podem auxiliar numa intervenção médica rápida e impedir complicações mais graves nesses pacientes, decorrentes de picos de concentração de glicose, permitindo um tratamento mais eficaz e personalizado.

Neste contexto, empresas grandes têm mostrado forte interesse em desenvolver sensores vestíveis capazes de permitir um diagnóstico de doenças em estágios iniciais, antes mesmo de exames clínicos de maior precisão feitos pelos médicos. Câncer de mama, doenças do coração, doença de Parkinson, Alzheimer são apenas alguns exemplos de objetos de estudo em pesquisas envolvendo sensores vestíveis.

Isso não se restringe apenas à área da saúde, podendo ser utilizado no monitoramento de sinais vitais na área de esportes, com o monitoramento do estresse muscular de atletas; na área de segurança do trabalho, em que pode-se obter informações da condição física do trabalhador, evitando acidentes; na área da agricultura, em que sensores acoplados às folhas em lavouras de soja e cana-de-açúcar permitem a avaliação da qualidade em tempo real, contribuindo para melhorias na agricultura de precisão.

A versatilidade dos sensores vestíveis faz com que suas possibilidades de aplicação sejam inúmeras e para os mais diversos fins. As principais vantagens para os usuários são a agilidade e acessibilidade na obtenção das informações, permitindo uma intervenção rápida por parte do usuário ou de quem está recebendo essas informações. Os sensores vestíveis são um importante exemplo de como a ciência e a tecnologia podem auxiliar e melhorar a qualidade de vida das pessoas. Com o desenvolvimento da tecnologia, espera-se que esses sensores e seus benefícios continuem a alcançar pessoas de diversas classes sociais e de diferentes localizações no planeta.

Letícia Megumi Ochiai Takahashi - Pesquisadora do Instituto Senai de Inovação em Eletroquímica.