Paraná inaugura nova era da mobilidade no 1º Fórum de Tokenização de Veículos

A digitalização da mobilidade avança em velocidade recorde e inaugura uma nova fase no setor automotivo brasileiro, em que veículos passam a ter identidade digital própria — íntegra, rastreável e protegida por blockchain. Essa discussão, presente nos principais centros globais de inovação, ganhou protagonismo no Paraná com a realização do 1º Fórum Brasileiro de Tokenização de Veículos, organizado pela Vetrii — empresa integrante do Parque Tecnológico da Indústria, no Habitat Mobilidade — e pela TokenEconomy. O encontro, realizado no dia 2 de dezembro de 2025, reuniu especialistas, montadoras, instituições financeiras e representantes do setor público para debater os impactos da tokenização no mercado nacional. Durante o evento, foi assinado o termo de cooperação técnica entre o Governo do Estado, o Tecpar e o Detran-PR, consolidando o compromisso institucional para avançar nessa agenda.
Virada estrutural e clareza técnica
A abertura destacou a rápida evolução da digitalização automotiva e a chegada do passaporte veicular digital, solução que registra todo o ciclo de vida dos automóveis em blockchain, da fabricação ao descomissionamento. Para Ismael de Oliveira, diretor de Tecnologia do Detran-PR, a iniciativa marca uma virada estrutural para o órgão, reforçando que “o Paraná se posiciona como pioneiro ao adotar iniciativas que modernizam e desburocratizam os serviços públicos, possibilitando transferências mais rápidas, redução de fraudes e históricos confiáveis para toda a frota.” Durante o evento, ele detalhou o piloto em andamento: “Hoje o que nós estamos lançando é um projeto piloto, uma prova de conceito onde iremos selecionar, dentro do modelo e dos tipos de veículos, uma quantidade significativa de categorias para monitorar. A depender da montadora, nós teremos de 15, 20 até 40 peças dentro do veículo que serão tokenizadas. Isso traz segurança, é inovação. Parece futurista, mas não é. Já é presente e hoje estamos firmando um pacto com parceiros fortes.”
A parceria entre Detran-PR e Tecpar apresentou números robustos, com mais de 9 milhões de veículos e 6,5 milhões de condutores integrados a sistemas que envolvem transações financeiras, seguros, locações e auditoria digital. O presidente do Tecpar, Eduardo Marafon, reforçou que o momento exige experimentação e clareza técnica. “Todo processo de inovação traz desafios — isso é inerente à tecnologia. A prova de conceito surge justamente para entendermos, na prática, como será o cadastro dos veículos no Detran. O resultado dessa POC será fundamental porque vai mostrar quais avanços serão necessários e como esse processo deve acontecer. Estamos extremamente confiantes, porque acreditamos que ele representará uma quebra de paradigma.”
Caminho para os próximos anos
Ao longo do Fórum, especialistas discutiram as bases da interoperabilidade de dados, governança digital e modelos de negócio baseados em ativos tokenizados. Para Fabiano Favo, CEO da Vetrii, o encontro simboliza um alinhamento nacional inédito. “Não podemos deixar de destacar a relevância de reunir aqui tantas pessoas e instituições fundamentais para discutir este tema. Temos representantes do governo, do Detran, institutos de tecnologia, montadoras, sistemistas, empresas de tecnologia tradicional e empresas especializadas em blockchain. Todos juntos para debater o futuro da tokenização veicular — e, sem dúvida, o passaporte veicular se consolida como um caminho inevitável para os próximos anos.”
O Fórum também reforçou o papel do Paraná como protagonista da inovação nacional. De acordo com Alex Canziani, secretário da Inovação e Inteligência Artificial do Paraná, “o Paraná, mais uma vez, está à frente. Esta transformação começa aqui: pelo Paraná, pelo Detran, em parceria com instituições que acreditam no potencial dessa mudança. Começa aqui para o Brasil — e, por que não, para o mundo?
Cadeia automotiva e economia circular
O debate sobre tokenização também olhou para a cadeia automotiva como um todo. Carlos Sakuramoto, diretor da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), destacou o potencial da tecnologia para consolidar uma economia circular no setor. “Quando consideramos o desenvolvimento de um veículo, percebemos que ele é praticamente infinito. Hoje, por compromissos ligados ao ESG, precisamos pensar no descomissionamento. Como controlar e rastrear mais de 5 mil componentes? É nesse ponto que a tokenização aparece como caminho possível. Ela tem o poder de transformar toda a cadeia, permitindo que o ciclo econômico se feche de forma completa — do berço ao reuso.”
O presidente do Detran-PR, Santin Roveda, reforçou o caráter transformador da agenda. “Estamos chamando tudo isso de um grande passo, um passo importante que marca a origem de uma nova fase. A tokenização vai trazer mais rastreabilidade, mais segurança, mais controle contra fraudes e clonagens, além de agilizar um mercado bilionário. Queremos dar mais transparência e previsibilidade ao cidadão.”
Já a diretora de operações da Vetrii, Tathiana Canan, enfatizou o impacto estratégico do Fórum. Segundo ela, “reunir especialistas, montadoras e instituições públicas em um mesmo espaço é decisivo para avançarmos na construção de modelos mais seguros e transparentes. O Fórum abre caminhos concretos para ampliar o entendimento sobre a tokenização e fortalecer o ecossistema que vai liderar as transformações da mobilidade.”
O 1º Fórum Brasileiro de Tokenização de Veículos encerrou-se com a percepção coletiva de que o país está diante de um ponto de inflexão tecnológico. As discussões, demonstrações técnicas e articulações institucionais realizadas no Habitat Mobilidade consolidam o Paraná como referência nacional e pavimentam o caminho para um novo ciclo de inovação, segurança e transparência na mobilidade brasileira.