Com o mote “Transformações na Mobilidade: o futuro começa agora”, o 22º Fórum SAE BRASIL da Mobilidade reuniu nos dias 6 e 7 de agosto, no Campus da Indústria, em Curitiba, os principais nomes do setor automotivo nacional para discutir os rumos e desafios da mobilidade no Brasil. Dividido em três eixos: TecnologIA, Sustentabilidade e Inclusão, o evento abordou desde alternativas energéticas até a digitalização e conectividade dos sistemas de transporte.

Destaque na programação, as empresas Horse, Bosch, Renault e CNH Industrial, instaladas nos habitats de inovação do Parque Tecnológico da Indústria – iniciativa idealizada pelo Sistema Fiep e impulsionada pelo Senai Paraná, com o apoio do Sesi, IEL e parceiros como Finep, UFPR e IPPUC – apresentaram cases, estudos e projetos focados em descarbonização, conectividade e eficiência. A atuação dessas empresas reforça o protagonismo do Paraná na construção dos caminhos para a mobilidade do futuro.

Etanol como solução estratégica

Para a Horse, empresa especializada em desenvolvimento de motores e soluções de propulsão, a descarbonização não depende de uma única tecnologia, mas de múltiplos caminhos adaptados à realidade de cada região. Em entrevista concedida ao Senai Tecnologia e Inovação, o diretor de P&D, Márcio Melhorança, defendeu que o Brasil possui um diferencial competitivo global com o etanol. Estudos realizados pela empresa demonstraram que veículos movidos 100% a etanol emitem menos CO₂ do que modelos elétricos, quando considerada toda a cadeia “do poço ao túmulo”.

“Nosso desenvolvimento em powertrain no Brasil tem como pilar a tecnologia flexfuel. A infraestrutura atual não comporta ainda uma eletrificação total, por isso o etanol deve ser encarado como solução estratégica para a transição energética”, explicou. Como inovação apresentada no evento, a Horse destacou o Range Extender, sistema que une a tração elétrica à autonomia estendida com motor a combustão, pensado especialmente para países de grandes dimensões e infraestrutura em desenvolvimento.

Digitalização e IA otimizando operações

A Bosch, gigante global em tecnologia e engenharia, levou ao Fórum soluções que aliam eficiência energética e conectividade. O diretor de produto, Fábio Moreira, apresentou a evolução dos sistemas de injeção embarcados que integram propulsão elétrica e combustíveis alternativos, como o etanol. Ele também destacou o uso de telemetria e inteligência artificial para melhorar o desempenho logístico e a manutenção preventiva.

“A conectividade dos veículos permite enviar dados em tempo real para a nuvem, otimizando rotas, reduzindo o consumo e as emissões. Estamos desenvolvendo plataformas digitais para lidar com esse novo cenário de eletrônica embarcada e volume de dados massivos. IA embarcada já é uma realidade em sistemas como reconhecimento de placas e gestão de frotas”, detalhou.

Mobilidade com múltiplas soluções

A Renault levou uma perspectiva crítica e abrangente para o debate. Para o coordenador de projetos de engenharia, Renan Saad, o Brasil precisa enxergar a mobilidade como um ecossistema em que as soluções são complementares e não excludentes. O executivo reforçou que não há uma única tecnologia capaz de resolver os desafios da mobilidade e da redução de emissões.

“No nosso painel, mostramos que é possível reduzir a pegada de carbono, sim, mas isso passa por uma combinação de fatores: biocombustíveis, energia limpa, comportamento do consumidor, infraestrutura e políticas públicas. É um trabalho feito a muitas mãos, e a decisão está em nossas mãos, como sociedade, indústria e governo”, resumiu.

Programa Mover como catalisador da inovação

Além das empresas, o Fórum contou com a participação do Senai Paraná, que reforçou o papel das instituições de ciência, tecnologia e inovação no avanço do setor automotivo. Em sua fala, Luiz Tiago Dalla Stella, coordenador de Relacionamento e Negócios em Tecnologia e Inovação, destacou o Programa Mover, um dos principais mecanismos de apoio à inovação industrial no país.

“O Programa Mover é uma ferramenta estratégica que conecta ideias a recursos financeiros e tecnológicos. Muitas indústrias ainda desconhecem o potencial que esse programa tem para dividir riscos e acelerar projetos. O Senai está preparado para apoiar essas conexões, fortalecer a competitividade e preparar o setor para os desafios da mobilidade do futuro”, afirmou.

Dalla Stella também ressaltou a importância de o evento acontecer no Paraná, evidenciando o protagonismo regional no ecossistema de mobilidade. “Estar no centro das discussões nacionais sobre o futuro do setor automotivo é estratégico. O Fórum SAE é um espaço de articulação que gera desenvolvimento e inovação”, concluiu.