Descarbonizar é possível: empresas mostram como transformar desafio em oportunidade

Descarbonizar é caro? Complicado? Futuro distante?
Vivemos uma era em que a descarbonização
deixou de ser tendência para se tornar uma urgência. Reduzir emissões não é apenas cumprir
metas globais, é uma forma de reinventar o modelo de negócio, ganhar eficiência, acessar novos mercados
e preparar nossas cidades e empresas para um futuro resiliente e competitivo.
Foi com essa provocação que o primeiro painel do Parque Tecnológico da Indústria, realizado no Campus da Indústria do Sistema Fiep, deu início a uma série de discussões estratégicas que vão moldar o futuro da inovação industrial no Paraná. O tema inaugural foi: Descarbonização.
A abertura do painel foi conduzida por Valério Marochi, Consultor de Negócios em Inovação no Instituto Senai de Inovação em Eletroquímica (ISI-EQ), especialista em veículos elétricos e sistemas de armazenamento de energia.
“A transição energética exige um grande consórcio entre plano de governo eficiente e plano industrial resiliente. A mobilidade está em transformação, e o Brasil não pode perder mais essa onda”, destacou Valério.
Casos reais de descarbonização: quatro empresas, quatro abordagens
O painel reuniu quatro empresas com experiências práticas em descarbonização, cada uma com uma abordagem distinta, mas complementares. A seguir, os principais destaques:
Protium Dynamics – Hidrogênio como nova fronteira energética
A Protium Dynamics atua como uma “one-stop shop” para projetos de hidrogênio no Brasil e América Latina, oferecendo desde tecnologias de produção por eletrólise até soluções de uso final em transporte e processos industriais.
“Já utilizamos hidrogênio no Brasil em indústrias de óleo e gás, na produção alimentícia, e agora começa a chegar à siderurgia, com o aço verde. A transição é o meio, não o fim. E a Protium está posicionada para liderar esse meio”, afirmou Franco Leonardi, diretor de produtos e tecnologia na Protium Dynamics.
A empresa aposta na nacionalização de tecnologias e na criação de viabilidade econômica e escalável para que o hidrogênio deixe de ser promessa e se torne ativo estratégico.
I9+ – Soluções solares e novas baterias para acelerar a mudança
A I9+ aposta na economia circular e na digitalização como pilares da descarbonização. Trabalha com geração solar e desenvolvimento de novas tecnologias em baterias, substituindo modelos antigos por alternativas mais modernas e eficientes.
“A ciência já comprovou as mudanças climáticas, mas ainda enfrentamos resistência. Precisamos acelerar. Nossa proposta é colaborar com gigantes e cocriar soluções que sejam viáveis agora”, defendeu Sandro Moreira, da I9+.
A empresa também atua em aliança com outras soluções complementares, como veículos híbridos e sistemas de recarga integrados a condomínios verticais.
Horse – Da inovação flex ao híbrido em série
A Horse tem experiência no desenvolvimento de motores e acompanha de perto toda a evolução energética do setor automotivo brasileiro.
“Começamos com o motor flex, evoluímos para motores turbos mais eficientes, e agora estamos trabalhando em soluções híbridas, como o range extender, que pode ser uma peça-chave nessa transição”, explicou Márcio Melhorança, diretor da Horse Powertrain, referência em motores híbridos e de alta eficiência.
Márcio também reforçou que o contexto brasileiro, com fontes renováveis abundantes, exige soluções específicas, e que não existe uma única rota para a descarbonização.
Nexomobi | Engnex – Mobilidade elétrica conectada e segura
A Nexomobi | Engnex atua com foco em infraestruturas inteligentes para veículos elétricos, principalmente em soluções aplicadas a condomínios verticais e espaços urbanos integrados. A proposta é preparar o ecossistema para a adoção real da eletromobilidade.
“A inovação exige coragem. O veículo elétrico é disruptivo, mas só funcionará se o entorno estiver preparado. Inteligência, segurança e digitalização são fundamentais”, afirmou Jânio Denis Gabriel.
A empresa também reforçou a importância da articulação com instituições como o Senai e com especialistas no desenvolvimento de baterias, para garantir escalabilidade e sustentabilidade às soluções.
Indústria em transição: do discurso à prática
O painel reforçou que descarbonizar não é apenas uma obrigação ambiental, mas uma estratégia de competitividade e sobrevivência industrial. O Brasil tem vocações naturais e um ecossistema de inovação em expansão — e o momento de agir é agora.
O Parque Tecnológico da Indústria se consolida como espaço propício para unir conhecimento, tecnologia e política industrial. E esse primeiro painel deixou claro: a transição energética está em curso — e tem endereço certo para acontecer.