Novos materiais biológicos são utilizados na construção civil

CASES28/06/2022 - Atualizado em 30/06/2022
O bioconcreto é a grande novidade, pois é capaz de se regenerar sozinho.
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A indústria da construção civil vem buscando novas alternativas para substituição dos materiais convencionais por opções mais sustentáveis, que aliam tecnologia, qualidade, conforto e durabilidade.  O concreto é um dos materiais da construção civil mais utilizados e estudados no mundo, sendo comuns em obras residenciais, industriais e principalmente em obras de complexidade elevada.

O bioconcreto, por exemplo, é a grande novidade, pois é capaz de se regenerar sozinho, sem a necessidade de custos com manutenção ou mão-de-obra. Ele é capaz de regenerar suas próprias rachaduras sem a interferência humana. Isso ocorre devido a combinação de concreto comum com colônias da bactéria bacillus pseudofirmus, que são resistentes e capazes de sobreviver sem oxigênio e em ambientes com pH alto - como é o caso do concreto. Essas bactérias são encontradas em áreas inóspitas como crateras de vulcões e em lagos congelados da Rússia.

Esses microrganismos permanecem desativados e ao detectar a presença de umidade, o que ocorre quando há rachaduras e danos na estrutura, são ativados e saem da inércia. O bioconcreto se regenera por meio da alimentação e digestão das bactérias, que passam a consumir o lactato de cálcio liberando calcário que ocupa o lugar da rachadura em um prazo médio de três semanas.

O estudo sobre bioconcreto foi desenvolvido inicialmente na Holanda e é um dos exemplos de estudos envolvendo biologia e engenharia civil.  Ele vem sendo testado em algumas construções, como canais de irrigação no Equador, local com grande atividade sísmica, em estações salva-vidas com grande exposição a intempéries. Pelos preços elevados, o bioconcreto é mais indicado para ser utilizado em estruturas subaquáticas ou no subsolo, ambientes com maior chance de vazamento ou corrosão.

Material vantajoso

O bioconcreto tem custo superior ao concreto tradicional, porém apresenta grande vantagem competitiva devido à redução significativa nos custos de manutenção e a capacidade de aumentar o tempo de vida útil dos empreendimentos.  A expectativa é de que os avanços das pesquisas e o monitoramento dos testes realizados façam com que esse material esteja cada vez mais presente nas construções pelo mundo.

O Instituto Senai de Tecnologia em Construção Civil (IST-CC) vem desenvolvendo novos materiais, produtos e sistemas construtivos para aplicação na indústria da construção civil em parceria com empresas, universidades e instituições de ensino.  Um dos projetos está em fase de desenvolvimento com a empresa Fungi Biotecnologia Ltda, que tem base biotecnológica desenvolve soluções para diversos mercados. Juntamente ao IST - Construção Civil, a empresa está participando de um edital para pesquisa e desenvolvimento do Material Mush em substituição a materiais de isolamento termoacústico como lã de vidro, lã de rocha e isopor.

As placas da Mush utilizam resíduos da agroindústria como serragem de madeira, bagaço de cana, palha de milho, resíduo de soja etc. Como fonte de nutriente e suporte para crescimento de um fungo. O fungo cresce nesse material agindo como se fosse uma cola. Materiais como a serragem, que inicialmente era particulado - a partir do desenvolvimento do fungo - se aglomera naturalmente formando um material com propriedades físicas, químicas e biológicas bem interessantes.

Neste projeto será validada esta tecnologia visando a substituição de materiais tradicionais - e não sustentáveis no setor acústico. A solução poderá ser aplicada em diversos sistemas construtivos como alvenaria, dry wall e steel frame, melhorando a eficiência térmica e acústica dos ambientes, proporcionando melhor qualidade de vida para as pessoas que habitam estes espaços, e contribuindo para um setor mais responsável ambientalmente. 

*Análise escrita por Karine Coelho Correa, consultora PDI do Instituto Senai de Tecnologia em Construção Civil 

Foto ilustrativa.