Com a transformação tecnológica, o mercado de trabalho tem passado por mudanças, conduzidas, principalmente, pelas mudanças na própria cadeia produtiva.

Dados do Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025, realizado pelo Observatório Nacional da Indústria, indicam que haverá demanda de 9,6 milhões de profissionais qualificados para ocupações industriais em todo o Brasil nos próximos quatro anos. A necessidade será tanto de profissionais em formação inicial quanto em formação continuada.

Apenas no Paraná, a estimativa é de que o número seja de 833,5 mil, sendo 163,9 mil em formação inicial, para repor inativos e preencher novas vagas, e 669,6 mil em formação continuada, para trabalhadores que devem se atualizar. Ou seja, 80% da demanda por qualificação será em aperfeiçoamento.

Com isso, outro fator importante de retenção no mercado de trabalho é a valorização das soft skills, habilidades e competências comportamentais, sociais e relacionais, como comunicação, liderança, flexibilidade, trabalho em equipe, criatividade, proatividade, empatia e pensamento crítico. Se as hard skills são as habilidades técnicas que possibilitam avaliar o desempenho técnico de um profissional, as soft skills estão ligadas ao relacionamento interpessoal e são grandes responsáveis pela permanência dos profissionais nas empresas por mais tempo.

A coordenadora de Educação e Negócios do Senai, Juliana Maia da Silva Nascimento, ressalta que as soft skills são diferenciais no ambiente profissional porque as empresas percebem o quanto a contratação desses profissionais é positiva. “Esses profissionais apresentam habilidades como trabalhar em equipe, facilidade em aprender e compartilhar o aprendizado, capacidade em resolver problemas inerentes à função ou área, visão sistêmica, comunicação assertiva, entre outras, atreladas aos conhecimentos técnicos”, diz.

Para as empresas, a contratação de profissionais com soft skills pode representar um retorno financeiro significativo, a partir da junção de desempenho técnico e comportamental. Já para os profissionais, há mais chances de oportunidades para cargos de liderança. “O profissional que apresenta este perfil busca constante o desenvolvimento profissional. Nesse sentido, os cursos de Qualificação Profissional são ótimas oportunidades para se desenvolver rapidamente, conforme necessidade atual. Além disso, na maioria dos cursos, os conteúdos formativos perpassam temas relacionados a soft skills”, acrescenta Juliana.

Segundo o coordenador de Educação na unidade CIC do Senai, Leonardo Vieira, a indústria tem buscado, principalmente, pelas habilidades de relacionamento e de inteligência emocional, para trabalhar sob pressões. “Hoje, a pressão vem sob diversas formas, seja por prazos de entrega, velocidade de produção, novas tecnologias, ou a própria pandemia, além de ser uma geração muito digital”, aponta.

No Paraná, o maior volume de demanda nos próximos quatro anos, segundo o Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025, será para ocupações de nível de qualificação, em torno de 74%. O desafio de instituições como o Senai é desenvolver cursos que trabalhem tanto hard quanto soft skills. “Criar conceitos mentais que as pessoas consigam trabalhar sob pressão, por exemplo, é complexo. Mas aqui temos conseguido atingir bons resultados e entregar à indústria excelentes profissionais”, diz Vieira. “Procuramos fazer trabalhos em equipes para os alunos desenvolverem aplicações e projetos em conjunto, desenvolvendo, assim, as competências cobradas nas indústrias”, completa.

Para Matheus Moreira Cordeiro, 20 anos, o que faz um profissional ser destaque no mercado é a capacidade de saber fazer e saber ensinar com facilidade. Essa capacidade, segundo ele, só é possível atingir com a busca por qualificação. “Acredito que o melhor é buscar conhecimentos em diversas áreas, para ser um profissional diferenciado no mercado de trabalho”, diz o aluno do curso de aprendizagem do Senai.

Na instituição, tanto as habilidades técnicas como o desenvolvimento de inteligência emocional são trabalhadas. “Trabalhamos aqui com tomada de decisão, relacionamentos, iniciativas. Tentamos mudar a mentalidade dos nossos alunos porque, no mercado de trabalho, é mais difícil atingir bons resultados sozinho. Para prosperar, é preciso ajuda, e tentamos colocar isso em nossas aulas”, explica o professor do Senai, Edilson Santos do Nascimento.

Os cursos ofertados pelo Senai têm uma metodologia baseada na aplicação da teoria na prática, fazendo com que o aluno vivencie no próprio curso as situações possíveis na indústria.