Solução para levar água potável a populações sem acesso a serviços de água tratada e esgoto, para diminuição de poeira em residências próximas a construções de usinas fotovoltaicas e eólicas ou tecnologia para carros industriais autônomos de transporte de metal líquido nos processos siderúrgicos. Esses são alguns dos desafios propostos pela indústria a startups e micro e pequenas empresas de base tecnológica no Edital de Inovação para a Indústria (categoria C). Na próxima sexta-feira (25), três chamadas que vão compor o edital serão lançadas na Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná). 
O Edital de Inovação para a Indústria é uma iniciativa do Senai, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e do Serviço Social da Indústria (SESI) criada em 2004. Por meio dela, grandes empresas abrem chamadas para atrair startups interessadas em resolver desafios propostos. Parte dos projetos é financiada pelas grandes empresas, e parte pelo Senai, Sesi e Sebrae. O Senai disponibiliza ainda laboratórios e centros de inovação para a execução dos projetos. 

Esse ano, as chamadas do edital são de três empresas cariocas que oferecerão R$ 13 milhões de subsídios às startups. Uma delas é da Enel Green Power, do setor de energia. A empresa propõe três desafios: soluções para levar água potável a populações sem acesso a serviços de água tratada e esgoto; para diminuição de poeira em residências próximas a construções de usinas fotovoltaicas e eólicas e para resolver a gestão de resíduos sólidos e promoção do melhor aproveitamento do lixo no Nordeste brasileiro. 

Outra chamada é da Engie Energia. Serão selecionadas até seis startups que apresentem soluções para o desenvolvimento de plataformas digitais (como formato de nuvem e big data) que permitam otimizar o consumo de energia, por meio de análise de perfil de consumo, inteligência operacional e diminuição de desperdícios e para a gestão da saúde e segurança do trabalho para reduzir a incidência de acidentes. 

A terceira chamada é da Ternium, empresa especializada na produção e processamento de produtos em aço. Serão selecionadas até dez startups que apresentem soluções para o monitoramento on-line de garantias físico químicas das matérias-primas e para a determinação automatizada de peso de materiais baseado no volume versus densidade; mobilidade com segurança através de tecnologia para carros industriais autônomos de transporte de metal líquido nos processos siderúrgicos; e rastreamento e monitoramento on-line dos resíduos e coprodutos gerados no processo siderúrgico. 

ACESSO AO MERCADO 
A DimmiAuto, de Curitiba, foi uma das startups selecionadas no edital do ano passado, em chamada da BR, distribuidora da Petrobras. A startup curitibana já tinha um aplicativo que o CEO, Marcos Otoni, chama de "iFood do setor automotivos". A plataforma facilita o agendamento de serviços com prestadores do setor automotivo tais como concessionárias, estacionamentos, oficinas mecânicas. No edital, a BR abriu chamada para startups B2B (Business to Business - negócio a negócio), B2C (Business to Consumer - negócio a cliente) e relacionadas a sustentabilidade. A DimmiAuto entrou na categoria B2C com uma funcionalidade que permite fazer o pagamento nos postos de combustíveis sem precisar sair do carro, por meio do aplicativo, apenas informando o número da bomba ou lendo um QR Code afixado no equipamento. 

O edital gerou uma sinergia entre a necessidade da BR e o que a DimmiAuto poderia oferecer, afirma Otoni. A parceria também permitiu que a startup tivesse acesso ao mercado de postos de combustíveis por meio dos estabelecimentos da BR e uma grande visibilidade, completa o CEO. Segundo ele, por causa da seleção no edital, a DimmiAuto já está em vias de fechar negócio com um investidor do setor automotivo, que irá aportar R$ 8 milhões e conhecimento na empresa. 

PROBLEMAS REAIS 
Na visão de Rafael Tortato, coordenador do Projeto Startup do Sebrae/PR, o contato com problemas reais das indústrias é o benefício mais importante do edital. "O mais importante é que as grandes empresas trazem problemas reais para o edital. E esses problemas podem ser tornar uma oportunidade para as startups." Além disso, a startup já sai do processo com um feedback qualificado, dado por quem entende do problema, e com mercado garantido. "Se a startup consegue resolver o problema, já começa o negócio dela com um produto assertivo, e vai ter a empresa do edital e todo o mercado como potenciais clientes." Segundo Tortato, a aproximação de startups com grandes empresas "não é tão simples", e o edital proporciona essa aproximação. 

Para as grandes empresas, lançar chamadas no edital é uma maneira mais ágil de trazer soluções para desafios de sua atividade através da inovação aberta. "Abrir portas para startups é muito mais ágil que mobilizar uma equipe inteira, recursos para um projeto", destaca Rafael Trevisan, gerente de Inovação do Sistema Fiep. Além disso, através das chamadas, as grandes empresas podem chegar a startups que têm conhecimento tecnológico específico sobre suas necessidades. "Muitas já nasceram em cima daquela tecnologia." 

Mais informações sobre o Edital de Inovação para a Indústria categoria C: https://goo.gl/FE5GdW.
Fonte: Folha de Londrina